sexta-feira, 20 de maio de 2011

R&R

Recorte, remende - faça a sua colcha de retalhos. Descubra qual o seu pedaço e que parte do corpo você cobre, ou se nem cobre.

Recorte, remende e perceba a sua importância, a colcha precisa de todos os pedacinhos para se formar.

Corte, costure, junte cada parte e veja que sozinho é só mais um pedaço de pano, sem muita utilidade.

Vida costureira e talentosa artesã, junta a fazer colcha e arte num embalo só - junta a fazer vidas, famílias, histórias.

Você? - Vida, podendo fazer da peça o que bem entender.

Pinte-a se desejar e porque não refazê-la quando não parecer boa.

Refazê-la quando estiver sem graça, sem vida, sem um pedacinho de você.

Réu.

A culpa não é da saudade

Mas da lua cheia que insiste em brilhar

Não é a saudade

Mas o mar e o seu som, que me faz te lembrar


A saudade não

Mas as frases, momentos, lembranças

São esses que não saem da minha mente

E endoidece todo meu dia


A culpa é do seu cheiro, do seu beijo, do seu carinho e abraço

Tudo que remete a você e que está gravado em mim

Não da saudade

Que não largar da minha mão, até que você chegue.


...

Não, é a saudade

A culpa no final é toda dela junto à distância

Que me lembra a todo o momento de você

Como o agora que vivo e escrevo sobre ti.

Ilha Deserta.

Descobrir-se e deixar à nudez a mostra
Não mostrar tudo que é nu
Fazer mistério
Brincar de segredos

Recobrir o nu; chorar
Lavar a pele, a alma
Enxaguar o ensaboar da dor
Limpar toda ferida que ainda permanece

Descobridor, ousadia saudosa
Que perturba meu sono
E ao acordar me faz chorar
Por fantasiosas lembranças

Descoberta, ilha no meio da multidão
Transborda tristeza, agonia
Na areia do seu ser, hospeda a solidão
Uma brisa ao passar, mais parece um furacão.

Fofoca

Segredo mal guardado, pelo acaso fofoqueiro
Palavras de amor, de saudade, de afeto
No peito a muito escondidas e jamais ditas
Até que o acaso a mando do destino confessou

"Ela morre de amor...
Que como uma hemorragia não para de transbordar.
E para terminar com a curiosidade de todos, anuncia:
Foi a saudade que atirou".

Metade do planeta...

Sistema isolado, inerte, só
Vazio e silencioso em meio o barulho
Não equador, vem me deixar a metade
Essa que já não serve e sem sentido segue.

Trópicos, câncer, doença que se alastra
Perdi o coração ou o cérebro parou
Minha senha expirou e já não me administro
Alterações devem ser feitas do interior para o exterior

Ocupações e o ponteiro nem se quer mexe
Queria está no sul, leste, oeste
No interior do nordeste ao seu lado

Outra metade, Greenwich, o meu planeta completo.

G - a - i - a

Ahhhhhhhhhhhhhhhhh!
Não era aqui que pensei que cairia, juro que me joguei da janela e achei que me espatifaria no chão, era o que eu queria... Ah! Como eu queria.
A vida sinceramente não me tem tido um significado real e plausível, por conta disso resolvi hoje, mais cedo, que me mataria... Os meus botões ficaram todos calados, acreditei então que eles haviam consentido com tudo isso. Coloquei minha melhor roupa, afinal não é todo dia que alguém se mata né, quer dizer, alguém até que sim, mas nesse caso falo de mim, não é todo dia que me mato, entende?!
Fiquei horas pensando como eu faria, se me envenenava, me afogava, mas aí pensei em me jogar mesmo, porque veneno deve ter gosto ruim e água em abundância causa-me pavor...
Não se fazem mais janelas para suicídio como antigamente, a pessoa não pode nem se matar.
Árvores cortadas, montões de lixo, papéis no lugar dos passarinhos voam soltos por aí. Só tenho desgosto, me roubam, tirando minha vida aos poucos, destruindo toda minha essência e raiz - eu queria ser feliz!
Não é para me gabar, mas eu tenho condições. Poderia dá um sustento aos meus filhos, isso se eles não fossem tão loucos, desvairados e com a cabeça no lugar fizessem do pouco muito, do tudo que tenho e lhes dou de bom grado.
Na realidade não é o cansaço da situação o que sinto, mas sim a falta de forças para lutar. Estou estagnada, fraca, já não sinto minhas mãos, meus pés e fico sem água, à medida que a ganância dos meus filhos aumenta. Queria não ter que matá-los para sobreviver, queria somente apertá-los e assim alertar a todos, mas o meu abraço suplicante tira deles o ar.
Os dei educação, arte, poder. Dei a eles amor e tudo que lhes era essencial... Preciso! Com a mãe, ingratidão!
Filhos meu, são a raposa e eu o galinheiro. A eles me deram para vigiar.
Sou eu, Gaia.