segunda-feira, 4 de abril de 2022

Segundas

O fetiche do futuro é a grande lombra dos ansiosos. E o futuro tá tão perto que a falta de ar é eminente, não dá pra respirar olhando para o meu eu de amanhã.


Mas tá aí a grande viagem, seu eu de amanhã, já sofre pelo s-eu de depois de amanhã e lá se vão dois, três, quatro, o que mais parece um parto, de anos, sofrendo pelo outro, mesmo que ele seja você.

O outro precisa de tempo, espaço, precisa se entender no “aqui agora” para viver melhor que você, o seu você de hoje... e essa conversa já parece um tanto bagunçada, dando nó até nas cabeças não ansiosas. E elas existem mesmo? Hahah... sei lá!

E uma prosa que começou ao som de “Aqui e agora – de Gil” e termina com “Resposta ao tempo – de Nana” quer falar mais sobre o tempo, do que sobre você ou sobre eu. E nessa segunda-feira martírio que faz a gente pensar na razão de viver, ainda é possível suspirar como uma segunda chance para os nossos sonhos, desejos e vontades, assim como a morte.

E na linha esperançosa do “todo mundo merece uma segunda chance”, reflito sobre o quanto merecer pode ser também sobre o outro. O verbo merecer significa: que seja digno ou passível de alguma coisa. Mas digno pra quem? passível pra quem? A vida tem me convidado a entender que preciso descobrir a minha dignidade, e eu mesma me dar uma segunda chance, ao invés de esperá-la, afinal de contas, quem está pronto a te julgar e presentear com esse lindo presente?

A vida? Pergunto eu... e ao mesmo tempo respondo: não! A vida tem muitas entrelinhas, por vezes injustas demais, para a assertividade que precisamos. Sendo assim, seja a vida, o suspiro, o patrão, a mãe, pai, a pessoa a se dar um tempo, se dar a segunda chance, numa segunda ou não feira. Eu de cá sigo tentando, vamos nessa?