segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Refação

É no silêncio 
que sinto as feridas
as dores acentuam 
me sinto nua 
debaixo de uma
torneira d'água 
fria e grossa 
que não para 
de molhar 
é no silêncio 
que volto pra mim
choro sem água
grito sem fala
brigo com a vida
e entre um pensamento
e outro
me refaço.

sábado, 22 de outubro de 2022

Sol de Setembro

Respiração
piração
pirraça
pegação
chêro e beck
cangote e boca
louca
provocante
excitação
tesão
dedos
língua 
chupada
chapada
ofegante 
chego no pescoço
e te puxo
te pulso
te como
molhada 
ceta
gozamos-nos
nuas
numa tarde qualquer

Descoberta

Descoberta
sem coberta
aberta
como aquela
estrela do céu 
como a janela
e o vento que
passava por ela
aberta
entre tantos
sentidos, olfato
toques, gemidos
ouvido
e na noite fria
que arrepia
sem coberta 
descoberta
sigo só atrás do resto de mim

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

A dor da saudade

Correr para o tempo passar

O corpo dá sinais
quer pausar 
para dor morar
a dor escoar, esvair

De tempos em tempos, 
tenho baixas, a tristeza
toma conta, a imunidade vai embora
a dor de novo assola

De tempos em tempos,
choro um pouco mais,
vivo o luto um pouco mais
mesmo já se passando um ano

Dores irreversíveis não devem 
ser contabilizadas, datadas,
operacionanilizadas, pioror tamponadas
nem terapia ou homeopatia embala
desmonta, melhora, a partida segue
partindo sempre mais um pouco de mim

Essa semana foi uma gripe
outras semanas, picos de ansiedade
falta de apetite, corpo trêmulo
cabeça esquecida
a dor da saudade tem dessas

Fica com a gente e prega milhões de peças
remenda os cacos e põe a gente 
de novo no meio da festa
infesta a gente de rotina e na corrida
esquecemos que tudo ainda dói


terça-feira, 9 de agosto de 2022

Enquanto

Você acredita que não tem cacife
O medíocre faz, executa, empurra
Da a letra e com pouca destreza 
Toma frente da linha
Realinha, deixa tudo do jeito dele
Se faz Rei e ganha lugar
Enquanto há espaço
Tem gente, na ponta
Que desponta e apronta
Com ou sem patuá
Então encha o peito
Respire coragem e siga o seu instinto
Com ou sem tino, todo mundo tem sempre
O seu lugar.



segunda-feira, 4 de abril de 2022

Segundas

O fetiche do futuro é a grande lombra dos ansiosos. E o futuro tá tão perto que a falta de ar é eminente, não dá pra respirar olhando para o meu eu de amanhã.


Mas tá aí a grande viagem, seu eu de amanhã, já sofre pelo s-eu de depois de amanhã e lá se vão dois, três, quatro, o que mais parece um parto, de anos, sofrendo pelo outro, mesmo que ele seja você.

O outro precisa de tempo, espaço, precisa se entender no “aqui agora” para viver melhor que você, o seu você de hoje... e essa conversa já parece um tanto bagunçada, dando nó até nas cabeças não ansiosas. E elas existem mesmo? Hahah... sei lá!

E uma prosa que começou ao som de “Aqui e agora – de Gil” e termina com “Resposta ao tempo – de Nana” quer falar mais sobre o tempo, do que sobre você ou sobre eu. E nessa segunda-feira martírio que faz a gente pensar na razão de viver, ainda é possível suspirar como uma segunda chance para os nossos sonhos, desejos e vontades, assim como a morte.

E na linha esperançosa do “todo mundo merece uma segunda chance”, reflito sobre o quanto merecer pode ser também sobre o outro. O verbo merecer significa: que seja digno ou passível de alguma coisa. Mas digno pra quem? passível pra quem? A vida tem me convidado a entender que preciso descobrir a minha dignidade, e eu mesma me dar uma segunda chance, ao invés de esperá-la, afinal de contas, quem está pronto a te julgar e presentear com esse lindo presente?

A vida? Pergunto eu... e ao mesmo tempo respondo: não! A vida tem muitas entrelinhas, por vezes injustas demais, para a assertividade que precisamos. Sendo assim, seja a vida, o suspiro, o patrão, a mãe, pai, a pessoa a se dar um tempo, se dar a segunda chance, numa segunda ou não feira. Eu de cá sigo tentando, vamos nessa?

sábado, 26 de março de 2022

[Desisti de mentir]

Desisti de mentir pra você, isso mesmo, nem todo dia estou bem, nem todo dia quero fazer as mesmas coisas, ir aos mesmos lugares, ver as mesmas pessoas. Desisti de mentir para mim também, parecer está bem tem doído muito diariamente.


A vida pode ser mais suave entre o sim e o não, e vou começar a dizer quando tiver uma crise, quando estiver em crise, quando quiser sumir. E você simplesmente não vai entender... afinal, como ela estava rindo a pouco e no outro momento quer ir pra casa dormir, ou se trancar no quarto e chorar até cansar, ou simplesmente procrastinar o resto do dia.

Como você vai confiar numa pessoa dessa? Como ela não vai te largar na mão? Como do nada, ela não vai te dizer um NÃO? Confiando e vivendo da mesma forma que conviveu comigo e tantas outras pessoas a anos.

Afinal de contas aquele não era dor, aquela mentira pra não sair era dor, e aquele deixa pra amanhã também era dor, mas todos os “SIM!” também foram doidos e doídos. Eu disse eles mais pra você, do que para mim, muitas vezes.

Eu disse SIM para não perder uma chance, para não perder amizades, para não perder um emprego, e o mundo não está pronto para os NÃOS, principalmente quando vem de uma pessoa que financeiramente não comporta os seus custos e nem pode tirar um ano sabático, sim, o que mais precisava no momento.

Mas agora não é possível, o sistema do lado de cá onde vivo, não me permite parar. Não tenho dinheiro para parar, isso mesmo... porque parar exige contas pagas, reserva de dinheiro, psicóloga em dia e tantas coisas mais.

E seguindo os mais de 10 nãos que essa mensagem tem, seguirei o meu “não parar” em pausas. Pausas homeopáticas, pausas crises, pausas surtos, pausas fingindo está bem. Pausas, pausas, pausas, parei!

Hoje eu paro por aqui, pauso e te deixo, reflexivo, porque do seu lado, tem alguém igual a mim, cheio de gatilhos e louco ou louca para parar, mas ela precisa de tanto, que não dá.

Entenda as pausas, observe a pausas, ninguém está 100% bem.


terça-feira, 8 de março de 2022

Mané Parabéns!

 Mané Parabéns!

melhor mandar
pix
parar de nos matar
agredir
trair
matar
melhor parar
refletir
e ser um homem
melhor
para todas
mulheres ao seu redor
e aquelas que você manda zap zap
Mané Parabéns!
quero meu salário igual
mesmas oportunidades
menos assédio
mais mulher viva
para contar suas
histórias
se reinventar
e seguir
Mané Parabéns!
mude seus hábitos
porque vamos tratorar
e não tem voltar atrás
já estamos na onda partiu
buscar tudo que é
Nosso!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

[Não deixe que a vida te atropele]

A vida diariamente se apresenta como um trem em alta velocidade, as vezes sem estações para parada, e é nesse momento que temos três opções:

1. Olhamos a passagem dela como passageiros a espera no ponto;
2. Seguimos dentro do trem, pois em algum momento onde a velocidade foi reduzida conseguimos entrar;
3. Nos jogamos no trem independente da velocidade dele, assim como os meninos na minha adolescência “pongavam” no buzu.

É isso... sobre a velocidade entendo o agora, a sua urgência e a nossas crises de ansiedade sobre o amanhã tão incerto. Sobre o trem e a vida é literal, ela nos transporta entre o passado e o futuro, as vezes na velocidade da luz, pelo menos parece. Mas ela não te transporta sozinho, estamos entre família, parentes, amigos e desconhecidos.

A vida é um transporte veloz, que nem sempre para (nos dá tempo de respirar), e fala mais sobre relações, do que qualquer outra coisa. É sobre um olhar, uma fala, sobre amor e desprendimento, a vida atropela mesmo quando não passa por cima de nós, ela atropela quando não conseguimos entender o nosso lugar nela, o nosso caminhar. Ela nos atropela, quando estáticos seguimos sem nos posicionar, sem alertar, sem dialogar ou apertar o botão de parada.

Ah! Tinha esquecido de falar, ela tem esse botão, tipo aquele da saída de emergência, e que pouquíssimas vezes utilizamos, afinal somos os fodões fortes, incríveis, já fazemos terapia, exercícios e blá, blá, blá, nada.

Nada mesmo! Você piscou e a vida já passou, passou enquanto escrevo, passou no último suspiro da vizinha, no não, no sim, passou mesmo sem você dizer nada ou perceber, e se a vida fala sobre relações, ela fala muito, mas muito mesmo sobre você e como você olha e vive ela. Então se está dentro ou fora do trem, observa qual a melhor forma de seguir, dentro do que espera para o seu futuro, porque ele pode ser o seu próximo ponto.